Daniel Reck

Certamente não é o filme mais contundente de Ken Loach. Mas é justamente a simplicidade da narrativa, a intimidade com os personagens, a cor local, e um tom esperançoso de que as relações humanas podem afinal ser remediadas, que torna este longa tão especial e saboroso. Mesmo longe de sua melhor forma, o diretor inglês ainda é capaz de comover.

Melhor filme desta primeira metade do ano, sem dúvida, ao menos na relação entre expectativa e entrega. Tem mais tensão que ação, mais silêncios do que barulheira, mais poesia do que violência, embora estes últimos estejam presentes em momentos decisivos. Alex Garland entrega passagens de impressionismo puro, com beleza estética, introspecção e análises de caráter, no que lembra um pouco Além da Linha Vermelha, que também alterna reflexão profunda com violência extrema. Wagner Moura mostra solidez, Kirsten está no ponto da maturidade e a jovem Cailee é um colírio para os olhos.

Melhor que a encomenda. Tiraram água de pedra aqui. Atuações bem decentes, boa atmosfera, trama passável. Esperava bem menos.