Marcelo DiColdfer

O que esse filme tem de original, tem de problemático. É surpreendente como começa de forma intrigante, mas vai se tornando chato, a ponto de perdermos o interesse depois da primeira hora. Nesse tipo de proposta, o ideal é não passar de 80 minutos, mas o diretor se estende demais quando não há mais nada interessante para mostrar.
Por sorte, o sempre carismático Karim Leklou faz o que pode, e na melhor cena do filme, ele luta por sua vida numa poça de lama.
Acabou me ganhando pela proposta, mas não chega a ser um bom filme.

Tendo como elemento principal, a dura infância de uma Hungria marcada por períodos incertos, senti nesse filme uma vibe meio "A Grande Testemunha" do Bresson, porém no lugar do animal Balthazar, aqui temos uma garota órfã.
Numa das famílias que a adotam, por exemplo, a garota não tem direito a usar nenhuma vestimenta, como se essa fosse a caracterização de sua orfandade.

E em meio a tanta tristeza e numa infância tão amarga que não enxerga futuro algum, só resta nos compadecer e nos sentir tocados pela alma de uma criança que nasceu unicamente para ser descartada.

Pensaram que com essa falta de iluminação iriam causar mais tensão; não. Causaram foi mais irritação.