Daniel Reck

Terror impressionante, muitíssimo bem dirigido e com passagens realmente aterrorizantes. Incrível como o cinema coreano produz atrizes talentosas em profusão: aqui temos uma atuação luxuosa da Kim Go-eun, que ainda não conhecia. A trama, porém, é um tanto hermética, muito centrada em tradições locais e na sempre complexa e animosa relação entre Coreia e Japão, o que esfria um pouco a fruição plena desta bela obra.

É um drama denso, porém depressivo. Diferentemente de Dirty God, filme anterior em que a atriz Vicky Night e a diretora aborda Sacha Polak abordam a mesma temática, aqui a protagonista é mais forte e conformada com sua situação, e o preconceito é quase inexistente. Mesmo assim, o estabelecimento de relações e o contato com as pessoas é difícil, fragmentado, falho. Essa impossibilidade de aproximação real ocorre um pouco por causa dela mesma e seus traumas, mas também pela truculência, indefinição e medo de comprometimento dos outros. Tudo é truncado, mas real.

Hoje em dia assistir um filme no Nicolas Cage é uma loteria imprevisível. As chances de vir uma bomba insofrível são as mesmas de apresentar-se um filme profundo e sensível (como Pig ou o Homem dos Sonhos). Este Arcadia oscila freneticamente entre os dois extremos.Após um começo promissor, com relações familiares pós-apocalípticas bem interessantes e atuações afinadas do elenco jovem, principalmente Sadie Soverall (que sequer é creditada aqui no Filmow), o longa decai vertiginosamente. Os monstros são totalmente aleatórios, inconcebíveis tanto do ponto de vista evolutivo como fantasioso, e seus objetivos são um mistério insondável, não ficando claro sequer se querem se alimentar dos humanos.